top of page

Advento, Natal, Maria e o Espírito Santo



Já se sente o fim do ciclo de mais um ano. Pouco a pouco vai se aproximando o fim de ano, com a experiência espiritual do Advento que se abrirá e toda a “magia” do Natal. Entre aspas, porque não se trata de magia, mas do amor de Deus e do calor de sua vinda ao mundo que seguem contagiando a humanidade.


O que podemos acrescentar ao que já sabemos sobre esse tempo? Como nós, os cristãos, devemos viver o período?


Em primeiro lugar, importa perceber que não se trata apenas de fazer memória de acontecimentos de séculos passados. O Advento, período espiritual de quatro semanas antes da celebração do Natal, deve ser um tempo de retorno à essência da fé, a partir do reconhecimento da bondade de Deus ao longo da História e da sua abertura para o ser humano. Em todos os tempos e de muitos modos, Deus se voltou e se volta à humanidade com o seu amor paterno e misericordioso. Na plenitude dos tempos, como diz a Sagrada Escritura, Deus mesmo veio ao mundo, na pessoa de Jesus Cristo. Esse é o grande advento – a grande “vinda” – da História. A vinda de Cristo à Terra é o acontecimento central dos tempos que nós recordamos e atualizamos em cada Advento.


Atualizar o Advento significa trazer para o hoje da vida e da História a chegada de Jesus Cristo. Em outras palavras, significa abrir espaço para a graça transformadora de Deus sobre si mesmo e sobre a sociedade. Já a atualização do Natal significa perceber que Jesus Cristo outra vez está à porta da humanidade e bate, discreto e sem imposições, desejoso de entrar e fazer morada entre as pessoas, iluminando com a luz divina as realidades humanas.


Figura central no Advento e no Natal é Maria, mãe de Jesus Cristo. Nela aconteceu o primeiro advento. Ela foi a primeira a preparar o nascimento do Senhor, tendo assumido a sua maternidade. O advento de Cristo foi para Maria um período de oração e de serviço, de louvor ao Senhor e de obediência a Seus desígnios. Essas atitudes – oração, serviço, louvor e obediência – são as pistas de como deve ser também o nosso Advento.


No Natal, Maria deu Jesus ao mundo. Na pobreza, no silêncio, no despojamento, longe das luzes dos palácios e do brilho da riqueza humana. Também esse é um aprendizado que temos que realizar: para que Jesus Cristo nasça e renasça em nossa vida, é preciso redescobrir a pobreza evangélica, o silêncio orante, o despojamento de nossa humanidade, o desapego, deixando-nos envolver completamente por Deus e por sua Palavra.


Há uma Pessoa por trás de todos esses acontecimentos, e que talvez tenha passado despercebida para nós até hoje: o Espírito Santo. Desde a primeira página da Bíblia, o Espírito Santo está presente. “O Espírito de Deus pairava sobre as águas” é a segunda frase da Escritura (Gn 1, 2). Ao longo da trajetória do Antigo Testamento, foi o Espírito a falar nos patriarcas, nos profetas e no seio do Povo de Deus, anunciando a vinda do Messias e o nascimento do Salvador. Pelo Espírito Santo os profetas profetizaram, denunciando a falsa religião e anunciando a Lei do Senhor.

Foi o Espírito Santo que possibilitou o primeiro Advento, justamente aquele de Maria. Perguntando ao Anjo como poderia se dar o que o Anjo anunciava – o nascimento do Filho do Altíssimo, Jesus –, Maria ouviu como resposta: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra" (Lc 1, 35).

O Espírito Santo como participante e protagonista do Advento, do Natal, do “sim” de Maria e de sua imaculada conceição, do novo tempo inaugurado por Jesus Cristo de uma vez para sempre na História: eis a beleza que podemos descobrir neste fim de ano e início de uma nova caminhada.


Aliás, é o mesmo Espírito Santo que depois será derramado em Pentecostes, tornando-se sinal e centro da Igreja nascente e protagonista de sua ação, de sua vida, de sua inserção no mundo. É o mesmo Espírito Santo que todos os dias toca o pão e o vinho e os transforma na Eucaristia, presença de Cristo sempre disponível aos que dele se aproximam. É o mesmo Espírito que age para perdoar os pecados, no sacramento da reconciliação; que confirma a fé e o chamado, no sacramento da Crisma; que imprime o caráter de filho de Deus, no Batismo, e de ministro do Senhor, na Ordem. E é o mesmo Espírito que prepara para o Céu e dá força, na unção dos enfermos.


O Espírito Santo é a alma do Advento e do Natal, em Maria e por graça de Deus, e que a nós todos pode abraçar e santificar com especial intensidade neste período.

Finalmente, vale recordar que em 20 de novembro, neste ano, celebra-se a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, comumente chamada de Festa de Cristo Rei. Esse acontecimento marca o fim do atual ano litúrgico, com a proclamação solene do senhorio de Cristo sobre o Universo. No Domingo seguinte, 1º Domingo do Advento, inicia-se o novo ano, desta vez Ano A, animado pelo evangelista São Mateus. Será um ano para aprofundarmos a convicção da misericórdia de Deus sobre nós.


No Brasil, este novo ano será também o Ano Vocacional. É uma iniciativa da Igreja no Brasil e que marca os 40 anos desde a última vez em que se celebrou um ano vocacional. O tema do Ano Vocacional 2023 é “Vocação: graça e missão”, e o lema é “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24, 32-33). Seja para nós ocasião de perceber que sobre cada um Deus tem um chamado específico. O Senhor espera de nós uma resposta ao seu chamado de amor, para correspondermos com a nossa existência ao amor imenso e gratuito que Ele transborda dia após dia sobre nós.

Bom Advento, feliz Natal e feliz novo ano da graça do Senhor!


Por Gabriel Reis Carvalho

Colunista e Catequista da Arquidiocese de Brasília

 
 
 

Comments


Siga no Twitter
Assista no Youtube
Curta no Facebook

Por RK Estrategia Digital © renascidosempentecostes.com.br 2009-2022 Revista Renascidos em Pentecostes - Todos os direitos reservados 

FUNDAÇÃO SÃO PEDRO CNPJ: 10.905.580/0001-10 

Os pedidos ou compras feitos neste site com envio serão entregues em até 15 dias úteis.

bottom of page