Dia dos Reis
- Revista Renascidos em Pentecostes
- 6 de jan. de 2023
- 4 min de leitura

Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que magos vieram do oriente a Jerusalém. “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.”
Eis aqui uns dos episódios mais belos da infância de Jesus que cativou e continua cativando a imaginação de crentes e não crentes, de teólogos, de pintores e de poetas: a homenagem dos Magos. O que quer nos contar o Evangelista Mateus?
Um acontecimento histórico, uma lenda, uma reflexão teológica dramatizada sobre o alcance universal do nascimento do Salvador? Talvez um pouco de tudo isso. E com a mente aberta devemos penetrar nos relatos do capítulo segundo do Evangelho de São Mateus que vai tecendo à maneira de representação, o perfil dos Reis Magos.
Desde a noite dos tempos antigos, a contemplação das estrelas, que fascinou e orientou os Reis Magos até o Menino Jesus, fascinou homens e mulheres de todas as religiões e culturas. As estrelas falaram-lhes de Deus e do destino do ser humano e leram no mutável mapa astral acontecimentos decisivos da história.
Viram no aparecimento de uma nova estrela o nascimento de personagens importantes; designaram para cada povo sua estrela ou constelação. Sonharam, esperaram e rezaram olhando paras as estrelas. Também na cultura bíblica, buscou nas estrelas o acontecimento mais importante para o qual tendia a toda a história de Israel: o nascimento do Messias Rei.
Sobre esse horizonte de história, o Evangelista Mateus projeta esta meditação em forma de relato dramatizado que contém já, em germe, tudo o que nos vai dizer ao longo de seu Evangelho: Jesus é o herdeiro das promessas de Israel, mas também da esperança de todos os povos da terra.
É o Messias Rei e Filho de Deus, mas se revela na humilde fragilidade do menino, filho de Maria; sua presença provoca a rejeição dos seus e a aceitação dos distantes e estrangeiros. Os que, deixando tudo, se lançam decididamente em sua busca, encontrá-lo-ão e se encherão da profunda alegria dos que entraram, como os magos, no mistério da presença amorosa de Deus.
A liturgia da Igreja captou e expressou todo o alcance da narrativa de Mateus no nome da festa que celebra a visita dos Magos: a Epifania – manifestação – de Jesus. A Epifania é a manifestação de Jesus como Messias de Israel, Filho de Deus e Salvador do mundo. Com o batismo de Jesus no Jordão e com as Bodas de Caná, ela celebra a Adoração de Jesus pelos “magos” vindos do Oriente.
Nesses “magos”, representantes das religiões pagãs circunvizinhas, o Evangelho vê as primícias das nações que acolhem a Boa Nova da salvação pela Encarnação. A vinda dos Magos à Jerusalém para “adorar ao Rei dos Judeus” mostra que eles procuram em Israel, à luz messiânica da estrela de Davi, aquele que será o Rei das nações.
A vinda dos Reis Magos significa que os pagãos só podem descobrir Jesus e adorá-lo como filho de Deus e Salvador do mundo voltando-se para os judeus e recebendo deles sua promessa messiânica, tal como está contida no Antigo Testamento. A Epifania manifesta que “a plenitude dos pagãos entra na família dos patriarcas” e adquire a “dignidade israelítica”.
O Papa Francisco nos faz um convite para abrirmos o coração a Jesus como os Reis Magos e não se fechar como Herodes. Ele convidou os fiéis a seguir o exemplo dos Reis Magos, que abriram seus corações à novidade do Deus feito homem, e não como Herodes, que se fechou por medo de perder seu poder ou os escribas de Jerusalém, que não souberam olhar além de suas próprias certezas.
O padre Miguel Fuentes, do Instituto do Verbo Encarnado, fez um estudo sobre os Reis Magos. Os seus nomes eram Melchior, Gaspar e Baltazar. Ele explica que o termo usado “magos” que aparece no Evangelho de São Mateus se refere àqueles que eram denominados sábios na antiguidade.
Neste caso, foram homens sábios que vieram do Oriente que pode ser uma referência à Arábia, à Mesopotâmia ou algum outro território mais à leste da Palestina. Padre Fuentes afirma que o fato de terem sido guiados por uma estrela sugere que eles eram instruídos em astrologia ou em ciência da navegação e cálculo do tempo por meio das configurações estrelares.
Além de uma tribo de Média chamada assim, os magos aparecem, em sua primeira época, como uma casta sacerdotal de Média e da Pérsia. Eles se dedicaram ao estudo da sabedoria. O sacerdote afirma ainda que, antes do século VI, nenhum autor afirmava expressamente que eles eram reis, com exceção de Tertuliano, que sugeriu que eles eram quase reis.
Isto se tornou popular por interpretar assim a referência ao Salmo 72,10 (os reis da terra se prosternarão e lhe oferecerão os seus dons) que parece estar implícita no relato de São Mateus. A partir do século VIII, os Reis Magos, receberam nomes, com algumas variações. Os nomes atuais de Gaspar, Melchior e Baltazar, foram lhes atribuído no século IX pelo historiador Agnello, em sua obra.
Como podemos encontrar esta luz divina? Sigamos o exemplo dos magos, que o Evangelho descreve como sempre em movimento. Quem quer a luz, efetivamente, sai de si mesmo e a busca, não se fecha olhando o que acontece ao seu redor, mas arrisca a própria vida. A vida cristã é um contínuo, feito de esperança e feito de busca; um caminho que, como o dos Magos, prossegue também quando a estrela desaparece momentaneamente de vista.
Esse fato dos Reis Magos nos convida a seguir uma luz estável, uma luz gentil, que não se apaga, porque não é deste mundo, vem do céu e resplandece o coração. Esta luz verdadeira é a luz do Senhor, ou seja, é o Senhor. Ele é a nossa luz, uma luz que não ilude, mas acompanha e dá uma alegria única.
Os magos fizeram isto: encontrou o Menino, prostraram-se e o adoraram. Não olharam para Ele somente, não fizeram somente uma oração circunstancial, mas o adoraram, entraram em comunhão pessoal de amor com Jesus. Depois, deram a Ele ouro, incenso e mirra, isto é, os bens mais preciosos.
Aprendamos dos Magos a não dedicar a Jesus somente os retalhos de tempo e algum pensamento de vez em quando, pois assim não teremos a sua luz, mas devemos sim, nos colocar a caminho, revestindo-nos de luz seguindo a estrela de Jesus e adorar o Senhor com todo nosso ser.
Por Peterson Maximiano de Souza
Comentários